Catherine Widgery
Obras

Descobri que num pequeno fragmento de galho se sente o gesto de um corpo vivo. As figuras esculpidas nos túmulos medievais, tão quietas e inocentes, com a cabeça repousando sobre uma fria almofada de pedra, parecem existir por um desejo de preservar uma imagem daquilo que um dia esteve vivo, de mantê-la para sempre, congelada no tempo. Assim como o Parque de Esculturas de Sócrates é em si um pedaço frágil da natureza à beira de um deserto urbano, o menor fragmento da natureza se torna precioso. A sensação de descanso (REPOS) é ao mesmo tempo sedutora e inquietante. Somos atraídos para esse conforto infinito mesmo quando o reconhecemos como morte. Talvez em qualquer cemitério o que nos move seja nosso senso de vulnerabilidade; a vida é frágil, efêmera... essas vidas tranquilas caíram no esquecimento. No entanto, mais alarmantes são os cemitérios dos soldados desconhecidos; lá, o grande número de marcadores sugere violência e destruição de vidas jovens interrompidas de forma não natural. É uma ironia final que os próprios túmulos não falem de vida, mas de uma ordem impessoal, um silêncio, uma quietude – um descanso permanente.